O mar destruiu parte da RN que liga os municípios de Tibau e Grossos, no litoral norte do Estado. As ondas atingiram o lugar conhecido como Curva de Raimundo Geraldo, logo após a praia de Pernambuquinho. O fenômeno aconteceu 15 dias antes do carnaval, obrigando o município a agir rápido para evitar maiores prejuízos. Um muro de arrimo foi providenciado com pedras e barro.
Desde os últimos anos, o mar avança com maior violência no litoral potiguar. O motorista Antônio Lázaro disse que de dez anos para cá a maré adiantou-se pelo menos 10 metros. Esse aumento gradativo vem destruindo não só parte da estrada, mas também diversas construções, expulsando moradores da praia.
Antônio Lázaro, que cresceu em Grossos e conhece as praias da cidade como qualquer outro morador, disse que um dos motivos do aumento da maré pode ser ocasionado pela destruição do Pontal da Barra, uma ponta de terra que avança sobre o mar. "Há dez anos nós só avistávamos o Porto-Ilha lá da praia de Pernambuquinho", disse Lázaro, apontando para o Porto-Ilha da Curva de Raimundo Geraldo, um quilômetro de distância de Pernambuquinho.
O salineiro Haroldo Marcos dos Santos, que mora no município desde que nasceu, foi outro que confirmou as mudanças geográficas causadas pelo mar. "O mar avançou e foi muito", assegurou.
PORTO DO MANGUE
No município de Porto do Mangue, a quase 60 quilômetros de Grossos, a maré avançou tanto que por pouco não extinguiu o porto. De acordo com Juciê Pereira da Costa, formado em gestão ambiental e auxiliar de assuntos de georreferenciamento da Prefeitura, a mudança começou no final da década de 1990. "Até meados de 97, não existia muro de arrimo no cais do porto, aqui na Rua José Barros", disse.
O avanço do Rio das Conchas, um dos braços do rio Açu, que se encontra com o mar em Porto do Mangue, é considerado o responsável pelo aumento da intervenção das águas na cidade. Segundo Juciê, há poucos anos o rio era tímido, mas o assoreamento e a intervenção humana fizeram o seu nível subir muito.
A Rua José Barros, primeiro logradouro público do município, que há pouco mais de 15 anos passou de vila de pescador para município, era uma das barreiras do rio. "Do final da década de 1990 pra cá, o rio veio subindo e começou a destruir a rua", enfatizou Juciê.
Vários motivos são apontados como fatores para as mudanças ambientais. Um deles é o próprio assoreamento do Rio das Conchas. "Durante a década de 90, as várias secas fizeram a duna da Praia da Costinha avançar além do comum para dentro do rio", informa o gestor ambiental.
Essa duna móvel, que faz parte de um lençol de dunas que se estende entre o território de Areia Branca e Grossos, costuma movimentar-se em várias direções e recuar para o seu lugar de origem em certo período do ano. Porém, Juciê Costa acredita que, devido ao longo tempo sem chuva, a areia avançou acima do normal e acabou se sedimentando, fazendo aumentar o assoreamento, o que provoca o aumento da maré.
Em 2009, o município decretou estado de calamidade, devido ao aumento da agressão das águas provocada pelo inverno forte. A Prefeitura conseguiu recursos da ordem de R$ 3 milhões, para construir um muro de arrimo e proteger a rua do cais.
SALINAS
Na região, a extração de sal também é um grande problema para o meio ambiente. Embora o município só exista devido ao surgimento dessa atividade, é a intervenção física das empresas que tem provocado o maior desequilíbrio. Os barramentos construídos ao longo do rio, para manipular o nível da água nos baldes de extração de sal, aumentam o assoreamento.
MACAU
O avanço do mar também causa prejuízos em Macau. Nos últimos anos, o aumento da maré destruiu por completo o muro de arrimo da parte costeira da cidade. Foi preciso reconstruir tudo reforçando toda a base, o que careceu de um investimento superior a R$ 2,5 milhões.
Mesmo assim, a força da última maré, registrada antes do carnaval, deixou a estrutura física avariada.
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