Entre 2002 e 2003 a produção de petróleo no território potiguar era em torno de 100 mil barris por ano. Hoje, essa quantidade baixou para 70, 60 mil. Os números podem estar afetando a quantidade de investimentos que a Petrobras faz nas áreas produtoras e vem causando preocupação ao Sindicato dos Petroleiros do Rio Grande do Norte (Sindipetro-RN), principalmente em Mossoró, cujo mercado e desenvolvimento urbano são profundamente influenciados por essa produção.
Segundo o presidente da subsede do Sindipetro na cidade, Pedro Idalino, a diminuição de capital nas empresas privadas e públicas por parte da gigante do petróleo está causando "efeito dominó" negativo na economia local. E as consequências desse impacto já podem ser sentidas. "Essa situação é como um polvo, possui vários tentáculos. Afeta a questão social, econômica e até mesmo política. E esse 'efeito dominó' é fruto principalmente da retirada de equipamentos de Mossoró. Sondas daqui já estão sendo transferidas para Sergipe e Bahia", expõe Pedro.
O presidente diz que já levou a questão à diretoria da Petrobras, que assegurou investimentos maiores na cidade. A despeito da boa disposição demonstrada pela empresa para com Mossoró, conta Pedro, o que se vê é um quadro justamente oposto: além de transferência de alguns equipamentos, há desativação de outros, demissão de funcionários e diminuição de lucro por parte das empresas terceirizadas prestadoras de serviço.
"O gerente-geral da Petrobras me assegurou investimentos este ano maiores que os de 2010. Mas, se os investimentos continuam, por que está havendo desativação de equipamentos de exploração? A região toda está sendo afetada. Tem atingido o setor produtivo, com diminuição de lucro nas empresas. E o direito dos trabalhadores?", diz o presidente. Um dos diretores do Sindipetro, Aldeirton Pereira, diz que a situação dos trabalhadores é justamente a que está mais complicada. "Nós temos encontrado muitas dificuldades porque o direito dos trabalhadores não está sendo respeitado no setor estatal e privado. Além disso, há muito desemprego".
A um prazo não muito longo, o panorama mostra-se pouco animador. As perdas para Mossoró e região podem ainda ser mais drásticas. "Pode haver redução de Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). E outros impostos. O Imposto Sobre Serviço (ISS) está diminuindo. Em Mossoró, existem locadoras de automóveis, hotéis, condomínios e o comércio como um todo - tudo dependente dos investimentos da Petrobras", comenta Pedro Idalino.
Representantes solicitam audiência pública na CMM para debater sugestões
O coordenador-geral do Sindicato dos Petroleiros do Rio Grande do Norte - Sindipetro/RN, Márcio Dias, visitou o presidente da Câmara Municipal de Mossoró (CMM), vereador Francisco José Júnior, para solicitar audiência pública para tratar dos problemas que vêm acometendo o setor de exploração e produção de petróleo.
O Sindipetro/RN pretende reunir, além da Petrobras, o Ministério Público, Procuradoria do Trabalho, parlamentares federais, Assembleia Legislativa entre outros atores que possam interferir na problemática.
Segundo Márcio Dias, a discussão será em torno das transferências das sondas, esvaziamento dos contratos, dos investimentos da Petrobras na bacia potiguar e das condições de trabalho dos colaboradores das áreas estatal e privada.
Perdas acumuladas nos últimos anos podem estar ligadas à falta de planejamento e a royalties mal-investidos
O presidente da subsede do Sindipetro, Pedro Idalino, afirma que as causas reais para os déficits só podem ser dadas pela própria Petrobras. Ele acredita, contudo, que a falta de planejamento tanto na questão da preservação dos poços quanto a má definição dos investimentos feitos com os lucros dos royalties podem ser as possíveis causas dos números negativos acumulados nos últimos anos.
"Os poços estão chegando ao declínio e precisam ser revitalizados com água e gás. Tem que haver projetos para essa retomada. É preciso que a cidade saiba também as potencialidades que perdeu com royalties mal-investidos. Por que não fizeram um investimento a longo prazo? Até porque hoje o que acontece é que a Petrobras está mais focada na questão do pré-sal", explica o presidente.
Nenhuma dessas causas, porém, foi confirmada pela Petrobras. Pedro diz que o que o sindicato almeja na audiência é justamente pedir uma explicação e cobrar do poder público alternativas para driblar a crise. "O que nós queremos saber é justamente o que está acontecendo. Uma possível saída da Petrobras geraria um colapso para a cidade e para a região. Então, esse encontro tem que promover o debate sobre essas repercussões, sejam positivas ou negativas. Essa audiência deve ser um marco para a economia da cidade".
o mossoroense
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